Sou o verme preso ao escuro cósmico telúrico
Rastejo atrás da seiva, alimento para minha vida
sem alma.
A podre carne
das chagas plebeias
já me serve de
entrada,
Esperando pelo
preparo da chuva,molhando a carne junto ao calor da terra
que acelera o seu cozer.
Bactérias se manifestam,
vindas sem convite
para o banquete,
Glutonas não perdoam
boca, nuca, peito, membros, o corpo, o homem.
Cego sou, não vejo os outros vermes.
todos com fome,
Começa a guerra começa a
devo lutar, devo investir, não há monotonia
Quero o meu pedaço,
Intestino, estomago, vísceras, baço
Quero mastigar, por à mostra a gula
Micróbios chegam
até ao banquete,
Luxuriantes
sodomitas, buscam o seu prazeronde o sátiro exalta a vida e mastigam com calma
o sabor antisacro.
Perco mais uma chance, chego ao encéfalo
e então corro até a fauna cavernícola do crânioOnde me delicio com alucinações vorazes,
Paladar contínuo que vicia, então continuo,
O encontro com lobo frontal, o rasgo do corpo caloso,
chego ao cerebelo e mastigo tudo antes dos outros
Até chegar à arvore da vida, que ali diante de mim
é devorada no morto corpo.
As asas
negras das moscas chegam,
Irão
pousar pra dar criadouro às suas criasO clima é propício para a gestação
os ovos explodirão e nascerá a nova geração.
Minha vida
verminal continua,
através do negro cósmico da terra,
até encontrar outro corpo.
Podre
pelo sangue humano, imerso nos males d’almaatravés do negro cósmico da terra,
até encontrar outro corpo.