quinta-feira, 19 de julho de 2007

UM SEGUNDO ANTES DE TOCAR AS NUVENS.

Um Segundo Antes de Tocar as Nuvens (Fábio Terra)

I
Sangria desatada, que percorre meu coração preguiça,
Não bate a toa pelo amor sem mácula, vicia,
Na tarde escura para os meus olhos nada mais conta,
Um grito calado por dentro, redemoinho perverso por dentro se inicia.

O que se deve fazer, antes de conseguir o paraíso,
Existe tal condição, talvez em estado letárgico,
Anseia o pulso pela ausência de vida,
Um segundo antes de tocar as nuvens.

O barco que me foi dado no passado,
Lotado de felicidade, hoje me leva daqui,
Até mares mais caudalosos.
Fechos os olhos espero sedento o fim que não vem.

Um último gole junto às ninfas nuas e belas,
Com carinhos relaxantes, coração ofegante,
Num último suspiro de coragem.
Será mais fácil dormir e sonhar pra sempre?


II

Abram-se olhos, luta contra a falta de vontade,
A espada embainhada da vida me espera para a última luta,
Galhofando da minha podre covardia,
Mais um gole, o torpor aumenta.

O odor do fim se prende à minha fraqueza,
Um comprimido leva ao paraíso
Sou forte por tentar, ninguém tenta, a lenta fria pedra,
Alguns conseguem o alento sem volta, junto às sombras

Já fora melhor o mundo, mas isso era a infância,
É inevitável, o coração cansa, quando se cresce,
O Infante dentro de mim grita egoísta e orgulhoso
Alguém lhe deu ouvidos, não, apenas mais uma piada infame.


O som do clarim chega, símbolo das nuvens ecoa,
Hora de partir, mais um gole, quero ser feliz ao menos no final,
Fui envenenado pelas palavras, ah palavras felizes, palavras tristes,
Chega! Meu desiluminado coração misterioso não será de ninguém.

III

A aurora chega, corpo cambaleia, mais um gole,
Não quero suas orações, farto estou,
Contento-me com vossa confiança, pois esta é mais difícil,
Ignaro amigo, foste o poço de minhas lamentações.

Possuí todos os talentos, comigo irão eles,
Fiz mulheres felizes, provoquei inveja aos homens,
Ah! santa inveja que nos mantêm fortes diante daqueles,
Que me observaram durante essa vida sacal.

Cansei, mais um gole, mais ninfas, mais luxúria,
Ah Santa Luxúria, Santo Pecado preciso desses momentos, preciso de agrado.
Já fui a todos os lugares, uma nova viagem me aguarda,
Divertida será? Não terá essa, a volta.

Satã és um embuste com seu tridente,
Onde estás o teu sangue e o fogo,
Se não nas estórias de Carocha,
Jesus sempre foi mais polêmico,


IV

Perdi a carruagem do tempo,
Não tenho mais nada a fazer,
Minha música não toca mais,
Amigos, não os quero agora, saiam e divirtam-se para mim.

Esperem minha derradeira partida,
Não comentem minhas loucuras em vão,
Caretas de plantão fiquem longe do meu panteão,
Nuvens me dêem suas mãos.

Mais um generoso gole, antes de sorrir,
Não vejo flores nem salmos no céu aberto,
Recebido serei? só batendo à porta saberei,
Ao sol das Hespérides.

Exausto estou, como os meus pensamentos,
Anjos têm sexo? Espero que sim,
Que lindas Anjas me levem,
Pelas suas mãos até o fim.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

DOPE.

Dope (Fábio Terra)

A noite sempre começa chamando de mansinho,
Colocando idéias em nossa mente, brain storm,
Contra o fardo, a marcha, o tédio e a razão
Porque não?

Soldados da caretice se colocam a sonhar,
Enquanto nós começamos a confabular,
Quem? Precisamos adorar,
Qual? Santa imagem atacar.
Que corações destruir, pisar.

Soldados da malandragem se colocam a correr,
Justiça é melhor evitar ou dar as mãos,
A noite já nos chamam pro seu exército, ocioso,
Abarrotado do maravilhoso, luzes e novas belas.

Mas como todo bom exército,
É preciso seguir em frente,
Acabar com a derradeira inocência,
A moral, a decente carapuça,

Que mentira devemos sustentar.
Vamos apenas olhar as luzes,
E estrelas acharemos que elas são,
Vamos apenas olhar as luzes,
E dopar nosso coração.

Dopar virar nuvem no ar,
Até a noite acabar,
Dopar virar nuvem no ar,
Até o fôlego acabar,
Dopar virar nuvem no ar.
Sem ter onde ficar,
Dopar, dopar, dopar,
Virar nuvem no ar.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

A MACULAÇÃO DOS SENTIMENTOS LUXURIANTES.

A Maculação dos Sentimentos Luxuriantes. (Fábio Terra)

O sol penetra no quarto outrora escuro,
O descanso da virgem após as núpcias,
Falam por si só.

De resguardo ficaste a noiva sem conhecer,
A serpente loquaz que trouxeste o sorriso,
Que instigasse a esfera que nascia,
Repartindo nua o pecado da áspera maçã.

Ainda sente, a pura ninfa, o vento da primavera,
Flutuando as estrelas no vazio.

O sol penetra no quarto agora claro,
O desejo de ser mulher foi consumado,
Não vistes fadas nem tão poucas estrelas,
Só corpo em cima de corpo,
Encantamento do efêmero romantismo.

O sol penetra entre tuas coxas, agora sim de mulher,
E nesse momento ornamental,
Onde sepultas o pássaro da virtude,
Rides de canto de boca, pensa e insinua.

Que talvez pudesses ter experimentado antes,
A maculação dos seus sentimentos mais luxuriantes.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

POEMA DO TEMPO.

Poema do Tempo (Fábio Terra)

De tempo em tempo,
O tempo se vai,
Atrás de um tempo,
Que o próprio tempo,
Vindo em um vento,
Na na própria curva do tempo se desfaz.

Tempo é tudo que o tempo tem,
E tudo que o tempo tem,
É o tempo que lhe contém.
Mas concordamos que o Tempo não espera ninguém.

Dizer sobre o tempo,
É ao mesmo tempo falar do tempo
Que não espera ninguém,
Que corre pro futuro,
E guarda o passado em um atemporal backup.

E se o tempo parasse?
No beijo mais gostoso ou no abraço mais quente,
Nessas horas o tempo corre deixando a nossa faculdade entre,
O passado do beijo e o futuro da conquista certa.

Talvez.

domingo, 8 de julho de 2007

SANTOS BARÕES.

Santos Barões (Fábio Terra)

Ricos Barões que tomam minha terra,
Mestres e oficiais do tesouro,
Magistrados que detêm as leis,
Todos campônios ignaros.

Quanta eloqüência de tais parlapatões,
Estúpida inteligência de gosto duvidoso,
E falam dos criminosos,
Como se não conhecessem a própria linguagem,

Mas tão pérfida é minha língua,
Que até agora protege minha preguiça,
Pois nesse Estado catártico também sou Barão,
Com meu corpo mais ocioso que um sapo.

Ora, ora, falsos Barões eleitos pelo povo Ignóbil,
A mão que empunha a pena que escreve as leis,
Equivale à mesma que guia o arado, esquecido de lado.

Mãos sujas no Senado! nunca existiram,
Emplumados lavam suas mãos,
O fantasma de Pilatos os protege
Mãos sujam de terra, no Senado, nunca existiram
O fantasma de Pilatos os proíbem.

E viva as luzes da ganância de nossos baroezinhos,
Viva a cólera, a luxúria, magnífica luxúria,
Viva, sobretudo a mentira e a preguiça.

Repugnam os criminosos, com sua honradez à mendicidade
Como se eles próprios santos fossem.

sábado, 7 de julho de 2007

BELALINDA.

Belalinda (Fábio Terra)

Lesmolisas transitam pelo silencioso musgo,
Trazendo notícias de um novo mundo,
Para Belalinda, princesa presa na torre.

Cavaleiros entram com suas armaduras reluzentes,
No pátio do castelo, onde sempre é noite,
E estrelas sobem a cada passo batido no chão.

Sob informações confidenciais de um astrolábio, Belalinda,
Sente seu coração sair pela boca,
Segura em suas mãos sua paixão, presa na torre,
Onde seu amor virara profissão.

Quem irá conseguir guardar seu coração,
O cavaleiro mais destemido,
O cavaleiro mais afortunado,
O cavaleiro mais apaixonado.

Sir Agador nobre de alma,
Bate com força, do seu cavalo as patas no chão,
Pátio anoitecido do castelo adormecido acorda.

Estrelas começam a subir,
Coragem, coragem, coragem,
Escolhe dentre as estrelas as mais brilhantes,
Em súbito salto prende-se à elas,
Subindo até a torre com sua espada embainhada,

Segura o coração de Belalinda na mão,
E o esconde, em uma caixa dada por um bruxo pagão.

Agora o coração de Belalinda é de Agador, dono de seu amor
E as Lesmolisas apenas olham em seu redor.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

ME DESCULPEM.

Me descupem os mais severos, sei que minha poesia, se é pode ser chamada de poesia, não é lá grande coisa, um dia chego até lá, maquinação da escrita, a manipulação dos sentimentos pela palavra. Por hora coloco no papel rascunhos da minha memória, um tanto enebriada, cheia de noite e boemia barata dos bares da cidade, mas um dia hei de melhorar e assim não ficarei mais uma onça com que escrevo. Mas arrependido não sou, se coloco não tiro, posso arrumar de vez em outra. Ma se não melhorar, quem sabe vira estilo ou não vira nada, mancar eu não vou.

Eita mundo complicado....

JARDIM DOS OLHOS VERDES.

Jardim dos Olhos Verdes (Fábio Terra)

O jardim cresceu, assim como o céu em chuva desceu,
Vistosas flores coloridas pelo sol, finalizadas pelo seu toque,
Assim como seu rosto desenhado por Deus.

A chuva, a grama, as flores, seu toque ingênuo e febril,
Rabiscando cores com seus verdes olhos,
Através do vento, que traz o silêncio,
Que sempre fica escondido nos olhares amantes.

Verdes olhos, como verde é o jardim,
Contrastando com as cores das flores,
Que repudiam o cinza, o fim.

Que se multiplicam através do Cinza Concreto,
Do mundo humano, desumano,
Mundano que têm o vermelho como Rei Cor,
Soberano vermelho de paixão e amor.